terça-feira, 20 de abril de 2010

89) Lula defende crescimento econômico de Roraima, sem tirar direito de povos indígenas.


O texto e a imagem abaixo foram retirados da página de Dilma Rousseff elaborada para a campanha presidencial deste ano. Não há como se falar com riqueza das palavras de Lula e seria imprudente tecer um juízo taxativo sobre palavras em que o contexto em que foram ditas não nos é apresentado totalmente. Entretanto, pode-se lançar a vista sobre alguns pontos. O primeiro que observo é o já costumeiro recurso retórico do presidente Lula de simplificar as coisas ao gosto da sua plateia, utilizando-se de "generalidades" politicamente corretas para tratar de um problema específico. O segundo, uma orientação de reduzir a questão relativa à demarcação das terras da Raposa Serra do Sol a um conflito entre latifundiários e índios. Não nego essa dimensão do problema, mas paralela existe a que afeta a soberania nacional, entre outras. Terceiro, a desculpa dada por não ter ido o presidente antes à terra indígena. É curioso que as condições de uma visita presidencial se mostraram propícias justamente em ano eleitoral.
Minha última observação é sobre a página de Dilma. Creio que ela reflete um novo ambiente de eleições com o uso maciço de tecnologias vinculadas à internet. Muito estardalhaço se fez em volta da campanha e da figura de Obama, mas acho que um dos aspectos políticos mais importantes de sua campanha tenha sido o uso feito pelas redes virtuais. Nesse ponto, sua eleição teve efeitos no mundo inteiro e nossas eleições deste ano se mostram afetadas pelo fenômeno Obama.

Vinícius Portella

Porto Alegre,
20 1351 abr 2010.

Lula defende crescimento econômico de Roraima, sem tirar direito de povos indígenas
FOTO: Ricardo Stuckert



Em visita hoje (19) à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que interessa ao governo federal o crescimento econômico do estado, mas sem tirar o direito dos índios. Para Lula, em um estado com tanta terra para produzir, não é possível que alguns queiram justamente a área da terra indígena.
“Passamos 6 milhões de hectares do governo federal para o estado de Roraima para que a gente pudesse dar terra para quem quisesse trabalhar, sobretudo para pequenos e médios proprietários porque a nos interessa que Roraima seja desenvolvido, cresça economicamente sem tirar o direito dos índios viverem tal como eles queiram viver”, afirmou o presidente, que visita a Raposa Serra di Sol no Dia do Índio, quando a homologação da área como terra indígena faz um ano.
Na cerimônia alusiva ao Dia do Índio, Lula saiu em defesa dos indígenas afirmando que nunca os viu reivindicar nada que não lhes fosse de direito. “Não conhecemos na história nenhum momento em que uma nação indígena invadiu a terra de outro para tomar conta, pelo contrário, o que acontece normalmente são os outros invadirem as terras indígenas tentando se apossar de uma terra que não é deles.”.
Lula disse que foi “demonizado” no estado por causa da homologação e lembrou os outdoors espalhados na capital, repudiando a presença dele e do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, na época em que se decidiu pela demarcação em terra contínua. “Era como se nós fôssemos o demônio, porque diziam que iríamos tirar a terra que Roraima precisava para produzir. Um estado com tanta terra ainda sem produzir e alguns queriam exatamente a terra que não era deles, que era dos índios”, ressaltou.
O presidente lembrou que, durante boa parte de seu mandato, evitou ir à terra indígena por causa das divergências entre os governos estadual e federal na briga em torno da homologação. “Evitei por conta da divergência que se estabeleceu no estado de Roraima, daqueles que ainda continuam dizendo que tem pouco índio para muita terra e os que, como eu, acham que os índios têm pouca terra, se levarmos em conta que o Brasil todo era deles há 500 anos.”
Demarcada em 1998 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e homologada em 2005 por Lula, a reserva foi alvo de uma briga judicial com o governo de Roraima, que questionou no Supremo Tribunal Federal (STF) a demarcação em área contínua. Os opositores defendiam a demarcação em ilhas, para que seis grandes produtores de arroz e outros produtores rurais não índios pudessem permanecer na área.
O STF confirmou a homologação em área contínua, mas a saída dos não índios não conseguiu resolver as disputas internas entre as comunidades, ligadas ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) ou à Sociedade de Defesa dos Povos Indígenas de Roraima (Sodiu-RR), que ainda divergem e brigam por espaço na ocupação e organização dentro da terra indígena.

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