segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

241) Livro: de papel ou eletrônico?

Depois de quase perder a sanidade, estou quase voltando a este blog. Por ora, segue abaixo um texto sobre algo bastante em voga. Eximo-me de qualquer responsabilidade pelo texto; li-o muito superficialmente e dele não posso fazer juízo algum. Espero que seja bom.

Vinícius Portella

Porto Alegre,

Já publicamos alguns posts aqui no Blog falando sobre o momento atual dos e-readers e o futuro dos livros em papel, mas agora encontrei um texto no site da Revista Crescer que considerei simplesmente brilhante. 

Abaixo reproduzo o texto de Cristiane Rogerio - Editora de Educação e Cultura da Revista Crescer da Editora Globo. O artigo original (idêntico ao que estou postando aqui) está em http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI185944-17926,00.html 

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IPad X Livro


Por que a tecnologia sempre assusta? Com a chegada dos e-books e os encantamentos provocados pelo Ipad, será mesmo que os livros infantis estão ameaçados?

O que é isso?

É um livro.

Como se desce a página?

Não desce. Eu viro a página. É um livro.

É tipo um blog?

Não, é um livro. 

E por aí vai uma conversa que, vocês já entenderam, trata-se de uma piada, uma visão irônica da atual dicotomia livro de papel ou livro digital, do ilustrador e escritor norte-americano Lane Smith. Faz parte da obra É Um Livro, que ele lançou este ano e já foi trazido para o Brasil pela editora Companhia das Letrinhas. No enredo que permaneceu semanas na lista dos mais vendidos do jornal The New York Times, um macaco mostra a um burro um livro. O burro altamente tecnológico não entende do que se trata e enche o macaco de perguntas como estas que coloquei no início do texto. O burro lê o livro, diverte-se, mas mesmo assim não entende o que é o, digamos, produto. A conversa vai de um jeito engraçado, mas infelizmente, coloca em dúvida a existência de um preconceito sutil. Porque termina com um “É um livro, burro”.

O fato é que é um livro divertido e assinado por um importante ilustrador. E vai provocar no pequeno leitor uma dúvida, que até pode nem ser uma questão da geração da qual ele faz parte. A disputa entre o livro de papel e o livro digital pode pertencer muito mais a nós que nascemos com um e sem o outro. Mas será que vale brigar?

Eu acredito que não. Primeiro vamos a outra questão: por que um livro é importante? Por sua forma ou conteúdo? O hábito nasce com o objeto ou pelo prazer de ler? Há muitas questões ainda sem resposta. O que buscamos quando nos deparamos com a busca por uma boa literatura? A forma ou a experiência?

Claro que uma das incríveis maravilhas de um bom livro é a interpretação que ainda não está pronta, um poder imaginar a Emília e a Alice de um jeito, o Dom Quixote de outro, só pelas palavras conduzidas pelo escritor. Ou sugeridas pelo ilustrador. A TV e o cinema nos trazem isso muito mais pronto, interagimos menos, é verdade. Mas uma boa história e uma boa interatividade não valem apenas por serem boas? Por provocarem emoção, risada, reflexão? 

Por que não podemos apreciar com gosto aplicativos para o Ipad e Iphone como o A Menina do Narizinho Arrebitado, de Monteiro Lobato, que não está disponível em papel? Por que não se emocionar com o aplicativo Moving Tales em que um conto é narrado em conjunto com uma belíssima animação? Estas experiências também não podem ser fantásticas? Não poderia um conservador também achar um absurdo a adaptação do inventivo Robert Sabuda e seus livros em pop-ups para os clássicos Peter Pan e Cinderela? Por que uma criança e um adulto não podem se divertir de um jeito e TAMBÉM do outro?

Estas são respostas que ainda estamos esperando. As tecnologias são novas a meu ver tanto para condenar o seu uso, quanto para prever o seu poder. Se demos oportunidade, não precisa de substituição. Quem grita demais, acaba falando sozinho. Vamos unir e preservar ao mesmo tempo. É possível. Sei que a duras penas, mas as famílias urbanizadas estão aos poucos abandonando o shopping-center como única opção de lazer e procurando os parques e outros passeios ao ar livre. Há muita gente deixando de lado o salgadinho e o refrigerante, e abrindo a casa para produtos mais saudáveis. A palavra é equilíbrio. Para ler na cama, abraçada com o filho uma bela história, talvez a mãe prefira mesmo um livro em papel. Mas para não interromper a leitura das aventuras do Sítio do Picapau Amarelo ou do bruxo Harry Potter por causa de uma viagem de férias, a criança prefira levar o e-book com toda a coleção. O leitor vai querer forma ou conteúdo?

Para quem quiser uma prévia, há uma animação com a história no site YouTube.


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O vídeo do Youtube é este aqui :