Vinícius Portella
Porto Alegre,
18 1226 mar 2010.
Mediação impossível
A viagem do presidente Lula ao Oriente Médio é, antes de mais nada, inútil do ponto de vista diplomático.
É claro que os discursos oficiais proclamarão que a posição brasileira é a favor da paz no Oriente Médio e que esta é uma postura tradicional da diplomacia brasileira.Não há dúvida de que é verdade. Eu mesmo, como ministro das Relações Exteriores, fui a Israel - onde estive com o primeiro ministro Itzahk Rabin e com o então meu colega Shimon Peres- e a Gaza ,onde reuni-me com Yasser Arafat e seus principais conselheiros.Nuca se falou em mediação brasileira naquele momento em que o processo de paz parecia viável e só foi interrompido pelo assassinato de Rabin em 1995.
Hoje, infelizmente, a paz é remota por efeito dos radicalismos tanto de israelenses, quanto de palestinos.Por isso , expor o presidente do Brasil a todos os percalços e às abundantes críticas internacionais de uma viagem ao Oriente Médio, que se intitula como de mediação, é um equívoco diplomático.Não é tão grave quanto apoiar o fanático Amadinejá- gravíssimo erro que atinge em cheio a imagem internacional do Brasil- mas sem dúvida arranha o prestígio nacional como potência emergente numa empreitada que não tem possibilidade alguma de produzir um grão de areia de efeito real sobre o impasse que dilacera a região. Mediação, como qualquer estudante de assuntos diplomáticos aprende no primeiro ano, só se aceita a convite de ambas as partes em litígio, nunca se voluntaria, especialmente tendo influência muito limitada sobre elas.
A única explicação relevante para a iniciativa é que constitua, como se diz na gíria futebolística ,um jogo para a arquibancada nacional apenas.Embora alguns líderes árabes e mesmo israelenses tenham elogiado o esforço, é óbvio que dizem-no por cortesia e conveniência política.Parece-me óbvio assim que, em pouco tempo, ninguém se lembrará da passagem do nosso presidente por essa região tão sofrida.
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É claro que os discursos oficiais proclamarão que a posição brasileira é a favor da paz no Oriente Médio e que esta é uma postura tradicional da diplomacia brasileira.Não há dúvida de que é verdade. Eu mesmo, como ministro das Relações Exteriores, fui a Israel - onde estive com o primeiro ministro Itzahk Rabin e com o então meu colega Shimon Peres- e a Gaza ,onde reuni-me com Yasser Arafat e seus principais conselheiros.Nuca se falou em mediação brasileira naquele momento em que o processo de paz parecia viável e só foi interrompido pelo assassinato de Rabin em 1995.
Hoje, infelizmente, a paz é remota por efeito dos radicalismos tanto de israelenses, quanto de palestinos.Por isso , expor o presidente do Brasil a todos os percalços e às abundantes críticas internacionais de uma viagem ao Oriente Médio, que se intitula como de mediação, é um equívoco diplomático.Não é tão grave quanto apoiar o fanático Amadinejá- gravíssimo erro que atinge em cheio a imagem internacional do Brasil- mas sem dúvida arranha o prestígio nacional como potência emergente numa empreitada que não tem possibilidade alguma de produzir um grão de areia de efeito real sobre o impasse que dilacera a região. Mediação, como qualquer estudante de assuntos diplomáticos aprende no primeiro ano, só se aceita a convite de ambas as partes em litígio, nunca se voluntaria, especialmente tendo influência muito limitada sobre elas.
A única explicação relevante para a iniciativa é que constitua, como se diz na gíria futebolística ,um jogo para a arquibancada nacional apenas.Embora alguns líderes árabes e mesmo israelenses tenham elogiado o esforço, é óbvio que dizem-no por cortesia e conveniência política.Parece-me óbvio assim que, em pouco tempo, ninguém se lembrará da passagem do nosso presidente por essa região tão sofrida.
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