Texto tal como recebido, copiado e colado neste espaço por mim. Lembro-me de uma frase que diz - não me recordo com exatidão - que defesa é um assunto muito sério para ser deixado apenas em mãos de generais. Não quero dizer que tal assunto deva ser debatido em assembleia por pessoas sem o menor preparo para lidar com tais assuntos, mas que os civis também devam estar técnica e teoricamente preparados para tratar dessa matéria. Sob esse ponto de vista, é muito boa a iniciativa da UFRJ. No entanto, deve-se esperar mais dados qualitativos a respeito do programa para então se fazer um juízo mais acertado disso.
Vinícius Portella
Porto Alegre,
23 2308 fev 2010.
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03/10/2009 às 19:41
UFRJ cria curso de graduação voltado a estratégias de Defesa
Agência Estado
Em meio ao debate sobre a expansão de gastos militares do Brasil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) lança a primeira graduação em Estudos Estratégicos do País, destinada a formar especialistas civis em Defesa.
Criado em votação polêmica no Conselho Universitário da instituição, por 21 votos a 10 (e 4 abstenções), o curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional abordará o assunto em perspectiva mais ampla que a militar, diz o diretor do Núcleo de Estudos Internacionais (NEI), Ronaldo Fiani.
"Ao contrário do que se supõe, a Defesa não se resume às questões militares”, diz. “A Defesa do País significa considerar a da sociedade - e não a do Estado - diante das ameaças que a afetam coletivamente. Essas ameaças envolvem, por exemplo, obstáculos ao desenvolvimento, degradação do meio ambiente ou problemas de saúde coletiva”.
No vestibular de 2010, primeiro no qual a UFRJ oferece o curso, haverá 120 vagas - 60 no primeiro semestre e 60 no segundo. Serão oito períodos letivos. Até o quinto período, todos terão aulas de um núcleo comum. A partir do sexto, o aluno escolherá uma das três ênfases da graduação: Estratégias Nacionais e Regionais de Segurança pelo Desenvolvimento, Defesa e Assuntos Estratégicos, ou Saúde e Questões Ambientais Globais.
Entre as disciplinas estarão Interpretações do Brasil, Teoria dos Jogos, Comércio Internacional de Armas, Bioética em Saúde, Poluição Ambiental e Repercussões Internacionais, Toxicologia e Defesa Nacional, Trajetória Contemporânea do Sistema Interestatal Capitalista e Estudo da Defesa.
"Vamos formar gestores e pesquisadores para formular a estratégia nacional de Defesa, entendida nesse sentido mais amplo de defesa da sociedade”, diz. Interdisciplinar, o novo curso terá aulas no câmpus da Ilha do Fundão, das 16 às 20 horas. CONTROVÉRSIA - O nascimento do novo curso foi conturbado. Na sessão do Conselho Universitário de 13 de agosto, que discutiu a proposta, dois conselheiros leram pareceres opostos à criação. Contrária, a conselheira Lilia Pougy considerou a proposição “extemporânea”, com problemas formais e com proposta pedagógica inconclusa.
"É incontestável a duplicação da mesma ideia - a proposta de criação do bacharelado e o curso de Relações Internacionais - nas palavras do próprio proponente”, afirmou a professora, segundo ata da reunião. “A área de Relações Internacionais na UFRJ precisa ser fortalecida e não pulverizada”. O parecer favorável foi do conselheiro Alcino Câmara Neto.
"Infelizmente, há suscetibilidade quando o assunto é Defesa, em função da memória do regime militar”, reconhece Fiani. “Temia-se que o curso fosse uma reedição da Doutrina de Segurança Nacional e alguns acreditavam que Defesa fosse uma questão estritamente de militares, que não caberia à sociedade discutir.” Para Fiani, essa visão é equivocada. “Basta consultar o projeto de graduação do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional para ver que não se trata de Relações Internacionais e muito menos de retornar à Doutrina de Segurança Nacional”.
Criado em votação polêmica no Conselho Universitário da instituição, por 21 votos a 10 (e 4 abstenções), o curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional abordará o assunto em perspectiva mais ampla que a militar, diz o diretor do Núcleo de Estudos Internacionais (NEI), Ronaldo Fiani.
"Ao contrário do que se supõe, a Defesa não se resume às questões militares”, diz. “A Defesa do País significa considerar a da sociedade - e não a do Estado - diante das ameaças que a afetam coletivamente. Essas ameaças envolvem, por exemplo, obstáculos ao desenvolvimento, degradação do meio ambiente ou problemas de saúde coletiva”.
No vestibular de 2010, primeiro no qual a UFRJ oferece o curso, haverá 120 vagas - 60 no primeiro semestre e 60 no segundo. Serão oito períodos letivos. Até o quinto período, todos terão aulas de um núcleo comum. A partir do sexto, o aluno escolherá uma das três ênfases da graduação: Estratégias Nacionais e Regionais de Segurança pelo Desenvolvimento, Defesa e Assuntos Estratégicos, ou Saúde e Questões Ambientais Globais.
Entre as disciplinas estarão Interpretações do Brasil, Teoria dos Jogos, Comércio Internacional de Armas, Bioética em Saúde, Poluição Ambiental e Repercussões Internacionais, Toxicologia e Defesa Nacional, Trajetória Contemporânea do Sistema Interestatal Capitalista e Estudo da Defesa.
"Vamos formar gestores e pesquisadores para formular a estratégia nacional de Defesa, entendida nesse sentido mais amplo de defesa da sociedade”, diz. Interdisciplinar, o novo curso terá aulas no câmpus da Ilha do Fundão, das 16 às 20 horas. CONTROVÉRSIA - O nascimento do novo curso foi conturbado. Na sessão do Conselho Universitário de 13 de agosto, que discutiu a proposta, dois conselheiros leram pareceres opostos à criação. Contrária, a conselheira Lilia Pougy considerou a proposição “extemporânea”, com problemas formais e com proposta pedagógica inconclusa.
"É incontestável a duplicação da mesma ideia - a proposta de criação do bacharelado e o curso de Relações Internacionais - nas palavras do próprio proponente”, afirmou a professora, segundo ata da reunião. “A área de Relações Internacionais na UFRJ precisa ser fortalecida e não pulverizada”. O parecer favorável foi do conselheiro Alcino Câmara Neto.
"Infelizmente, há suscetibilidade quando o assunto é Defesa, em função da memória do regime militar”, reconhece Fiani. “Temia-se que o curso fosse uma reedição da Doutrina de Segurança Nacional e alguns acreditavam que Defesa fosse uma questão estritamente de militares, que não caberia à sociedade discutir.” Para Fiani, essa visão é equivocada. “Basta consultar o projeto de graduação do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional para ver que não se trata de Relações Internacionais e muito menos de retornar à Doutrina de Segurança Nacional”.
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