Está findando a Copa do Mundo de Futebol e logo já saberemos quem será o campeão. Há tempos não sabíamos o que era uma final sem campeões. Isto não acontecia fazia 32 anos, desde que a Holanda enfrentara a Argentina no mundial de 1978. Apesar de ter visto vários jogos desta competição, não a pude acompanhar com muita atenção e não poderia tecer maiores comentários. Todavia, penso poder dizer uma ou outra coisa.
Nunca vimos o futebol por tantos ângulos como o vimos na África do Sul, fato que fez ressaltar em muito os erros de arbitragem que talvez não tenham sido em número muito maior do que o de outras ocasiões. De positivo, finalmente a conservadora FIFA se dignou a estudar o emprego de tecnologias que minorem ou eliminem os erros de arbitragem. O futebol deve passar por algumas mudanças neste sentido e tomar uma nova configuração, o que de modo algum implica dizer que serão drásticas as mudanças. Ademais, a Jabulani - a bola usada em campo - aprontou muito e enganou muitos jogadores, sobretudo, goleiros. Não sei qual será seu destino depois da final, mas penso que não tenha despertado muitos amores, nem deva ser adotada em outras competições. A África do Sul também apresentou ao mundo o som infernal e chato da vuvuzela, algo ao par de Galvão Bueno e que espero nunca mais escutar.
Quanto às equipes que competiram por esta taça, eu gostei muito de ver jogar estes que, merecidamente, encontram-se entre as quatro primeiras colocações. Eu não penso que esta copa tenha sido das que apresentou os melhores jogos - iniciamente estavam muito truncados, mas foram se soltando. Nosso Brasil não apresentou desde o início uma postura de campeão, ainda que num ou outro momento a tenha ostentado; os meios de comunicação criticaram Dunga, muitas vezes injustamente, mas este por sua vez demonstrou sua vontade ao convocar uma equipe de jogadores mais enquadrados em seu modelo disciplinar, do que propriamente por sua técnica individual. Não estou dizendo que a qualidade do jogador não estava em questão, mas que a disciplina foi o aspecto fundamental na escolha do grupo e levou nosso técnico a alguns equívocos. Paro por aqui, pois nossa seleção não merece maiores comentários, tampouco alguns repórteres nada inteligentes que são vetores de bobagens acríticas e deletérias. Mas passemos aos quatro grandes.
A Alemanha mostrou-nos mudanças importantes em seu modo de jogar, estando muito mais ofensiva do que de costume, faltando-lhes ainda criatividade coletiva e individualmente. A Espanha é dona de um meio-campo impressionante, excelente, e faz passes maravilhosos; sem, no entanto, apresentar grande incisividade em seus ataques: daí que venceu com placares magros seus jogos. A Holanda (mais acertadamente os Países Baixos) é um país já com tradição no futebol e que sempre se sai bem nos mundiais, ainda que nunca tenha logrado o título. Nesta copa, não apresentou uma equipe espetacular, mas soube fazer bem seu dever de casa contando tanto com ofensividade ao derrotar seus adversários de maneira convincente, como também soube organizar sua marcação e sua defesa, de modo que se tornou a equipe mais faltosa da competição. Foi competente, soube controlar-se emocionalmente e tem todo o mérito em estar novamente disputando um título. Por fim, o Uruguai para mim foi a grande surpresa da Copa do Mundo de 2010. Chegou sem qualquer favoritismo, mas jogou um futebol bonito, ofensivo que por pouco não o levou à final. Não fosse o erro de arbitragem ao não marcar um impedimento, talvez teria superado a Laranja Mecânica. Depois de anos, novamente o Uruguai volta a estar na nata do futebol mundial e espero que assim se mantenha por muito tempo. Dá gosto de vê-lo assim.
Neste domingo, enfim saberemos quem será o campeão do mundo. Resta saber se serão os neerlandeses quem relaxarão ao desfrute de uma sangria, ou os espanhóis quem tomarão um delicioso suco de laranja. No entanto, faço minha as palavras de um determinado jornalista - estas laranjas andam bastante cítricas - e não sei se o vinho desta sangria é realmente do bom em todos os quesitos, não sei se a Espanha se defende com tanta fúria.
Hoje temos o jogo de Uruguai e Alemanha - creio que vai ser um bom jogo e nossos amigos da Banda Oriental têm-se mostrado peleadores até o último momento. Amanhã tudo estará resolvido, num jogo, penso e assim espero, de altíssimo nível.
Vinícius Portella
Porto Alegre,
10 0432 jul 2010.
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