Reino Unido
Habituamo-nos a olhar para o sistema político britânico como a "mãe das democracias". À hora da madrugada a que escrevo, as televisões dão-nos nota que, em muitos locais de voto, milhares de pessoas foram impedidas de votar, que isso originou inéditos protestos, num sistema que costuma ser "à prova de bala" em matéria de legitimidade. E isso ocorreu precisamente num momento em que a possibilidade de uma maioria simplesmente relativa se apresenta como plausível. Acontecesse isto em Portugal e caíam-nos todos em cima, com acusações de primarismo e de desorganização latina ou mediterrânica.
Sempre tive a sensação de que os britânicos mantêm uma certa snobeira no caráter quase artesanal do seu sistema de voto, que obriga a longas contagens pela noite dentro e àquelas paroquiais leituras dos números dos sufrágios, que antecedem os discursos de vitória dos deputados, acolitados pelo cônjuge e prosélitos, com aquelas rodelas coloridas de folhos ao peito. Mas também tenho a certeza que as confusões de ontem, se não colocarão minimamente em dúvida o resultado final dos sufrágios, vão obrigar a uma reflexão futura sobre o sistema.
Quanto ao resto, a noite eleitoral televisiva foi o que costuma ser: divertida, plural, agitada. Devo dizer, contudo, que senti saudades dos gestos largos de Peter Snow, que nos mostrava as ondas vermelhas ou azuis, com os seus "swings", nas paredes virtuais da BBC, bem como das velhas gravatas berrantes de Jeremy Paxton, agora desaparecidas. Quanto ao resto, para quem acompanha o sufrágio britânico pela televisão, já há algumas décadas, é um sereno "déjà vu", de David Dimbleby a John Simpson. Podia ser diferente? Podia. Mas não era a mesma coisa...
Diferente do habitual, claro, só o resultado.
Diferente do habitual, claro, só o resultado.
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