segunda-feira, 8 de novembro de 2010

238) Grã-Bretanha quer obrigar desempregados a prestar serviços comunitários.

Essa é uma moda que certamente não pegaria no Brasil, terra infensa a contrapartidas e contratos impessoais. O importante é separar o joio e o trigo nesta situação: aqueles que buscam rendimentos às custas do erário e aqueles que de fato estão numa situação desfavorável por uma série de fatores alheios a suas vontades; isto nas suas mais diversas modalidades. Os burladores estão muito bem espalhados por todo o globo (ainda que se concentrem em certas bandas mais do que em outras); convém que se desenvolvam mecanismos para que não tenham chances de dilapidar o patrimônio público ou atrasar e mesmo obstar o benefício àqueles que de fato lhe fazem jus.

Vinícius Portella

Porto Alegre,
08 0958 nov 2010.

Grã-Bretanha quer obrigar desempregados a prestar serviços comunitários

Agência de emprego pública britânica (arquivo)
Grã-Bretanha tem alta taxa de domicílios sem adultos trabalhando
O governo britânico vai propor que trabalhadores desempregados há mais de um ano sejam obrigados a prestar serviços comunitários voluntários sob pena de perder o direito a benefícios.
O ministro do Trabalho e Aposentadoria, Iain Duncan Smith, quer que beneficiários do seguro-desemprego por longos períodos dediquem um mês de sua mão-de-obra a tarefas como jardinagem, coleta de lixo e reparos em escolas.
As propostas são parte do pacote de reformas no sistema de bem-estar social da Grã-Bretanha promovidas pelo governo de coalizão conservadora-liberal-democrata.
Cerca de 5 mil de pessoas são beneficiadas pelo seguro-desemprego na Grã-Bretanha, onde o número de famílias sem trabalho é uma das maiores da Europa. A estimativa é que 1,9 milhão de crianças vivam em domicílios onde nenhum residente tem trabalho.
O governo alega que quer impedir que os desempregados vivam às custas do Tesouro e que beneficiários do seguro-desemprego realizem bicos não-declarados mesmo recebendo o pagamento.
"Uma coisa que podemos fazer é mobilizar as pessoas para realizar uma ou duas semanas de trabalho manual, para dar-lhes um senso de que estão trabalho, mas também quando suspeitarmos de que essas pessoas estão fazendo outros trabalhos", disse Duncan Smith.
"A mensagem é que elas se mexam, ou vai ser difícil."
Se não aceitarem o esquema ou demonstrarem negligência ao realizar os trabalhos, os beneficiários poderiam ter suspenso por três meses o pagamento do seu seguro-desemprego, que equivale a R$ 175 por semana (65 libras esterlinas).
Entretanto, a proposta levantou as críticas de outra parte da sociedade britânica, que defende que o governo simplesmente crie mais empregos na economia. Foi a posição da vice-líder do Partido Trabalhista, de oposição, Harriet Harman.
O governo tem sido acusado de tratar os desempregados por longos períodos como criminosos, por vezes obrigados a prestar trabalhos comunitários.
Outra voz contrária partiu do chefe da igreja anglicana, o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams.
"Quem se encontra nesse ponto normalmente não é porque é má pessoa, estúpido ou preguiçoso, mas porque as circunstâncias estão jogando contra", disse o religioso.
"Quem já está batalhando para encontrar trabalho e um futuro seguro vai ser, eu acho, empurrado ainda mais para baixo, em uma espiral de incerteza, até de desespero."

Nenhum comentário:

Postar um comentário