ALEMANHA | 24.08.2010
Forças Armadas alemãs estão diante da maior reforma do pós-guerra
A Bundeswehr está prestes a passar por sua maior reforma no pós-guerra. As mudanças nas Forças Armadas alemãs deverão não apenas reduzir seu orçamento, mas também provocar modificações estruturais que ainda são alvo de controvérsia no cenário político do país.
Segundo os planos revelados nesta segunda-feira (23/08) pelo ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, as alterações previstas reduzirão em um terço o número de soldados, que cairá de 252 mil para entre 165 e 170 mil.
"As Forças Armadas ficarão menores, melhores e mais eficientes", argumentou Guttenberg, que acredita que a reforma as tornará mais modernas do que no modelo atual.
O ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, pretende cortar 8,3 bilhões de euros dos gastos militares como parte do plano nacional de austeridade que visa economizar 80 bilhões nos próximos quatro anos.
O orçamento anual destinado ao setor de defesa na Alemanha é de 31,2 bilhões de euros, o quarto maior das forças da Otan. Os Estados Unidos, que lideram a lista da Otan, gastam 13 vezes mais que a Alemanha. Reino Unido e França ocupam o segundo e terceiro lugar respectivamente.
Serviço obrigatório
Ainda segundo os planos futuros, o serviço militar deixaria de ser obrigatório, medida que poderia começar a valer já a partir de meados de 2011. Em vez de recrutar os jovens, o serviço militar do país empregaria cerca de 7.500 voluntários. Esse ponto da reforma, no entanto, é alvo de críticas.
"O total de 7.500 voluntários por ano está longe de ser o bastante para se obter jovens satisfatoriamente qualificados", argumentou Rainer Arnold, especialista em política de defesa da bancada social-democrata no Parlamento alemão. Para ele, seriam necessários, no mínimo, entre 20 e 30 mil voluntários.
A chanceler federal, Angela Merkel, afirmou não ser contra o fim do serviço militar obrigatório, mas não quis se declarar favorável a um determinado modelo.
Apesar de o alistamento militar perder seu caráter obrigatório, o ministro Guttenberg ressaltou que esse item não será excluído da Lei Fundamental. "Algumas pessoas podem dizer que sabem como o mundo será daqui a dez ou vinte anos. Eu não. Por isso, é muito importante que o alistamento fique na constituição."
Outra exclusão
Também a obrigatoriedade do serviço civil, que é hoje uma alternativa ao alistamento militar, será suspensa. Entretanto, a atividade representa um grande apoio ao trabalho de diversas instituições sociais no país. Por isso, também a ministra da Família, Kristina Schröder, planeja substituí-lo por um serviço nacional voluntário.
A ministra espera atrair cerca de 35 mil homens e mulheres por ano para o novo serviço voluntário. O trabalho nas instituições teria seis meses de duração, podendo chegar a 24 meses em casos excepcionais, com um salário de 500 euros mensais.
"Não tenho a ilusão de que conseguiremos substituir completamente o que temos agora", disse a ministra, defendendo a qualidade do atual modelo. No entanto, Schröder destacou que o novo projeto ofereceria as oportunidades do serviço civil também às mulheres.
Em 2009, cerca de 68 mil homens foram convocados ao serviço militar, e outros 90 mil optaram pelo serviço civil.
Até a queda do Muro de Berlim em 1989, a Alemanha evitou participação em conflitos armados, limitando a atuação dos soldados a serviços de ajuda humanitária.
Nas últimas décadas, entretanto, a Bundeswehr participou de missões na Somália, no Kosovo, no Congo e no Afeganistão, onde a Alemanha possui o terceiro maior contingente das forças internacionais.
NP/rts/dpa/afp
Revisão: Rodrigo Rimon
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